Na manhã Seguinte a Eu Me Matar - Poema
14-07-2021
Um poema de Meggie Royer, traduzido para português por mim.

Na manhã seguinte a eu me matar,
Eu acordei.
Fiz o meu pequeno almoço na cama.
Acrescentei sal e pimenta aos ovos
E usei a minha torrada para fazer uma sanduíche de queijo e bacon.
Espremi uma toranja para um copo de sumo.
Raspei as cinzas da frigideira e lavei a manteiga do balcão.
Lavei os pratos e dobrei as toalhas.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Apaixonei-me.
Não com o menino na rua ou com o diretor da escola secundária.
Não com o jogger do dia a dia ou com o dono da mercearia
que sempre deixava os abacates fora da mala.
Eu apaixonei-me pela minha mãe
E pela maneira como ela se sentou no chão do meu quarto,
Segurando cada pedra da minha coleção em suas mãos até que escurecessem com o suor.
Eu apaixonei-me pelo meu pai no rio
Enquanto ele colocava o meu bilhete em uma garrafa e o enviava pela corrente.
Com meu irmão, que antes acreditava em unicórnios,
Mas agora estava sentado na sua mesa da escola,
Tentando desesperadamente acreditar que eu ainda existia.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Levei a cadela para passear.
Observei a forma como a sua cauda se contorceu quando um pássaro passou voando,
Ou como o seu ritmo acelerou ao ver um gato.
Eu vi o espaço vazio nos seus olhos quando alcançou um pedaço de pau
E virou-se para me cumprimentar para que pudéssemos jogar,
Mas não viu nada além do céu em meu lugar.
Fiquei parada enquanto estranhos acariciavam seu focinho
E ela murchava sob o toque,
Como fez uma vez para o meu.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Voltei ao quintal dos vizinhos,
Onde deixei minhas pegadas no cimento aos dois anos
E examinei como já estavam desbotando.
Peguei alguns lírios e puxei algumas ervas daninhas
Observei a senhora idosa pela janela enquanto lia o jornal com a notícia de minha morte.
Eu vi o seu marido cuspir tabaco no lava-loiça
E a trazer-lhe os seus medicamentos diários.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Vi o sol nascer.
Cada laranjeira se abriu como uma mão
E o rapaz na rua apontou uma única nuvem vermelha para a mãe.
Eu acordei.
Fiz o meu pequeno almoço na cama.
Acrescentei sal e pimenta aos ovos
E usei a minha torrada para fazer uma sanduíche de queijo e bacon.
Espremi uma toranja para um copo de sumo.
Raspei as cinzas da frigideira e lavei a manteiga do balcão.
Lavei os pratos e dobrei as toalhas.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Apaixonei-me.
Não com o menino na rua ou com o diretor da escola secundária.
Não com o jogger do dia a dia ou com o dono da mercearia
que sempre deixava os abacates fora da mala.
Eu apaixonei-me pela minha mãe
E pela maneira como ela se sentou no chão do meu quarto,
Segurando cada pedra da minha coleção em suas mãos até que escurecessem com o suor.
Eu apaixonei-me pelo meu pai no rio
Enquanto ele colocava o meu bilhete em uma garrafa e o enviava pela corrente.
Com meu irmão, que antes acreditava em unicórnios,
Mas agora estava sentado na sua mesa da escola,
Tentando desesperadamente acreditar que eu ainda existia.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Levei a cadela para passear.
Observei a forma como a sua cauda se contorceu quando um pássaro passou voando,
Ou como o seu ritmo acelerou ao ver um gato.
Eu vi o espaço vazio nos seus olhos quando alcançou um pedaço de pau
E virou-se para me cumprimentar para que pudéssemos jogar,
Mas não viu nada além do céu em meu lugar.
Fiquei parada enquanto estranhos acariciavam seu focinho
E ela murchava sob o toque,
Como fez uma vez para o meu.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Voltei ao quintal dos vizinhos,
Onde deixei minhas pegadas no cimento aos dois anos
E examinei como já estavam desbotando.
Peguei alguns lírios e puxei algumas ervas daninhas
Observei a senhora idosa pela janela enquanto lia o jornal com a notícia de minha morte.
Eu vi o seu marido cuspir tabaco no lava-loiça
E a trazer-lhe os seus medicamentos diários.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Vi o sol nascer.
Cada laranjeira se abriu como uma mão
E o rapaz na rua apontou uma única nuvem vermelha para a mãe.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Voltei para aquele corpo na morgue
E tentei colocar-lhe um pouco de bom senso.
Contei-lhe sobre os abacates e os degraus, o rio e sobre os seus pais.
Contei-lhe sobre o pôr do sol, o cão e a praia.
Na manhã seguinte a eu me matar,
Tentei me "desmatar",
Mas não consegui terminar o que comecei.
Meggie Royer
Gostaria muito que vissem este vídeo do Youtube, ele transmite o melhor do poema com uma voz calma e imagens lindas. - The Morning After I Killed Myself - Illneas
Morgana Pereira :)