Amores Que Matam!
Uns não o têm, outros sentem-no em demasia.

Cartoons, desenhos humorísticos que, por vezes, dão panos para as mangas em temas de conversa e diferentes interpretações. Associado a este conceito encontra-se Marilena Nardi, uma artista italiana de grande relevância, autora de diversos cartoons, como "Liberdade de Expressão" e "Coronavírus". "Amores que matam" não pode deixar de ser destacado e criticado.
Neste, um indivíduo, caído no chão branco e vazio, tem um coração vermelho cravado nas costas, perfurando ao ponto que se torna visível no peito. Além disso, uma flor, que pode ser identificada como uma rosa, habita numa das suas mãos. As cores não são escolhidas por acaso. O branco poderá ser percebido como o equilíbrio restabelecido, já que o morto se encontra em paz. A paixão, forte e violenta, mas também a guerra interna do lesado são representadas pelo encarnado quente. Contudo, ao ser exagerado na extremidade do coração, leva-me a concluir que se conecta com as dores e batalhas presentes na vida amorosa do Homem representado.
Eu, como muitos visualizadores da obra, aprecio a imagem, demonstrando empatia pelo ser que claramente sentiu o amor em demasia, chegando até a se desencarnar por ele, tal qual como as personagens Teresa, Mariana e Simão da narrativa Amor De Perdição. Todavia, morrer de amores não tem que ser realizado apenas fisicamente. É plausível que os sujeitos se transformem por amor, mesmo que seja de forma temporária, existindo uma capa que os cobre, escondendo, muitas vezes, o seu verdadeiro eu. Permitem que uma das suas facetas faleça.
Consumo que se concebermos tempo e permissão, a nós próprios, para analisar esta bela peça de arte, deciframos cada pormenor e detalhe importante.
Morgana Pereira :)